Les nains et les elfes au Moyen Age

Les Elfes

Uma vez construído Ásgard (Mundo dos deuses), os Ases ergueram lá moradias maravilhosas para cada um deles. Uma delas se chama Álfheimr, ou seja, Mundo dos elfos. É difícil localizá-la com precisão: segundo alguns textos, ela fica dentro do segundo céu. Isso a faz coincidir com Gimlé, a mais bela das moradas celestes, situada no extremo sul do céu, na qual se reconhece a morada das almas, termo usado aqui sem qualquer conotação cristã, o refúgio dos homens justos e bons.

Os Ases presentearam o Mundo dos elfos a Freyr, deus vanir que veio a Ásgard como refém após a guerra entre os dois grandes grupos de divindades do Norte. Filho de Njord, avatar da deusa Nerthus, ou seja, da Mãe Terra, e irmão de Freyja, a Vênus setentrional "a quem é bom invocar pelo amor", Freyr encarna a terceira função: "Ele tem poder sobre a chuva e o sol — lembra Auberon — e sobre as produções da terra; é bom invocá-lo para as colheitas e para a paz. Ele também tem poder sobre a riqueza dos homens." Na verdade, a tríade Njord-Freyr-Freyja é o resultado de um processo de polimorfização: Nerthus "se dividiu" em três divindades distintas, cada uma se especializando em um domínio preciso dentro de uma única função. Njord patrona assim a navegação e a pesca, Freyja, o amor e a volúpia. Ao colocar os elfos sob a égide de Freyr, os antigos mitólogos, entre os quais Snorri Sturluson se destaca, os inscrevem portanto na esfera da fertilidade e da fecundidade. É perfeitamente possível que os elfos tenham sido, em algum momento da evolução histórica, divindades por direito próprio. Somos tentados a admitir isso diante das fórmulas trinitárias que os intercalam entre os Ases e os Vanir. Temos um bom exemplo com o Canto Mágico de Hrafn e a Viagem de Skimir, onde lemos: "Não sou um dos elfos, nem um dos Ases, nem um dos sábios Vanir." Mas como divindades, os elfos não teriam sido diferenciados, e remeteriam a um complexo de ideias centrado na terceira função, complexo que os Vanir poderiam ter recuperado.

Os elfos que residem perto dos deuses são chamados elfos da Luz (Liósálfar), e o brilho, o resplendor é de fato sua principal característica morfológica. Uma metáfora chama o sol de "Resplendor dos elfos". No entanto, isso é tudo o que sabemos sobre a aparência desses seres.

Diversas indicações a serem manuseadas com cautela sugerem fortemente que os elfos dispunham de poderes mágicos, e as Eddas indicam que um certo Dàinn (Morte) gravou as runas para eles. Infelizmente, diz-se o mesmo dos anões e das Nornas, as Parcas nórdicas. Felizmente, a paciência e o acaso são a providência dos pesquisadores, e uma vez chamada a atenção para esse ponto, reunimos indícios reveladores.

Por volta do ano mil, atesta-se em inglês antigo o vocábulo aelfsiden, literalmente "magia do elfo", que o contexto permite traduzir por "feitiçaria, enfeitiçamento". Siden(n) é aparentado ao nórdico sejàr, que designa, como sabemos, uma forma de magia manchada de infâmia na qual os Vanir se destacam; ora, é um deus vanir que reina sobre os elfos. Nosso segundo indício é um encantamento alemão do século XVI ou XVII, certamente mais antigo a julgar pelo estado da língua; ele é destinado a proteger os cavalos do mormo (malleus), doença infecciosa própria dos equídeos. Para isso, é preciso escrevê-lo em algum suporte que se coloca na forragem ou no animal doente, e esse encantamento começa com a fórmula: Albo + Albuo + Alubo + .

Novo indício, a figura mágica do pentagrama que os alemães chamam de "Pé de Elfo" ou "Pé de Trute". E finalmente, há essas pequenas cruzes — de três a quatorze centímetros de altura — encontradas em escavações. Uma delas traz a conjuração seguinte: Contra elphos hec in plumbo scrive (contra os elfos, escreve isto em chumbo), o que a torna um amuleto destinado a proteger contra os elfos, ou mais exatamente, se pensarmos em aelfsiden, contra seus encantamentos.

Mas o indício capital que atesta os poderes mágicos dos elfos é o nome alemão da mandrágora, Alraun, ou seja: "Segredo do elfo", atestado no século X sob a forma Albrûna que, diga-se de passagem, corresponde ao nome das adivinhas germânicas mencionadas por Tácito. Conhecem-se as superstições ligadas a essa planta de forma humana, às vezes macho, às vezes fêmea. Ela cresce sob os enforcados cujo sêmen ou urina fecundou o solo. Se for desenterrada sem precaução, ela solta um grito que mata. É preciso então capturá-la na manhã de sexta-feira, antes do amanhecer, após tapar os ouvidos com cera ou lã, fazer-se acompanhar por um cão preto sem um único pelo branco, traçar três cruzes sobre a mandrágora, cavar ao redor, amarrá-la ao rabo do cão, depois apresentar ao animal um pedaço de pão; tentando pegá-lo, ele avança e arranca a planta, mas sucumbe ao grito que ela solta. Recolhe-se então a mandrágora, lava-se em vinho, envolve-se em um tecido de seda e coloca-se em uma caixinha. Para que ela conserve seus poderes, é preciso banhá-la todas as sextas-feiras e trocar sua "camisinha". O que mais chama a atenção nessa lenda é a estreita relação que se estabelece entre a morte, a fertilidade, a magia e os elfos, e a mandrágora poderia de certa forma servir de emblema para essas criaturas... Outro vínculo se deixa entrever: todas as operações relativas a essa planta ocorrem na sexta-feira, em alemão Freitag, ou seja, "Dia de Freyja", e essa deusa é a irmã de Freyr, senhor dos elfos.