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Hermann Hesse: Demian

terça-feira 23 de julho de 2024

Demian é um   romance que gira à volta do problema da transformação, do crescimento espiritual do herói, um indivíduo que desde cedo, logo desde a infância, tem a consciência   de que existem dois   mundos bem   demarcados, bem definidos, opondo-se um ao outro. Um a que se poderia chamar luminoso, ordenado, outro ligado à escuridão, ao caos de que toda e qualquer ordem está ausente. Sobretudo a ordem moral  , do cristianismo ortodoxo. No Prólogo, Emil Sinclair explica como já abandonou esse caminho   de uma ortodoxia estéril, e como aquilo que preza agora, acima de tudo  , é o indivíduo e as suas experiências pessoais, únicas que para ele têm valor. Sinclair apresenta-se como um homem   que busca  , «ein Suchender» (G. W. vol. 5, pág. 8), um homem «da Via». Mas não é nos livros que espera obter alguma solução para os seus problemas. É no seu sangue  , no obscuro impulso vital que o levará a si mesmo  , por muito tempo   e por muitos sacrifícios que lhe custe. A história   que narra é a desse difícil trajecto.

Encontrámos em Demian uma simbologia tão rica, e tão bem definida, que agora será mais fácil entender as outras obras. Em Siddhartha a aventura que se narra é igualmente a de um homem em busca de si mesmo, ora optando por uma, ora por outra, das divindades do mundo  , a da luz   e a da sombra, a do puro espírito e a da pura matéria  , até entender no fim   que tudo é uno, que tudo se completa, que tudo são manifestações de uma mesma realidade   mais vasta e mais complexa do que o homem normal consegue imaginar. (YCHesse)