Muito relevante é o posicionamento da cultura do Renascimento relativamente a este contraste de fundo entre a astrologia e o espírito religioso cristão. De facto, embora acolhendo da tradição religiosa cristã a reivindicação da liberdade humana e mantendo, consequentemente, que a consideração das acções humanas na sua relação com a estrutura universal das causas e, especialmente, com o influxo dos corpos celestes não deveria ser julgada determinante, aquela cultura não pôde, por outro lado, (…)
Página inicial > Mitos e Lendas
Mitos e Lendas
-
Mario Dal Pra: Renascimento e Astrologia
3 de janeiro, por Murilo Cardoso de Castro -
Umberto Eco – Talismã
5 de setembro de 2024, por Murilo Cardoso de CastroUMBERTO ECO — TALISMÃ E PRECE (ABEM) O medieval só conhecia um modo para modificar a ordem das coisas naturais: o milagre. A arte ajudava a natureza a aperfeiçoar o próprio curso, mas não podia nem modificar nem desviar suas finalidades. Diferente é o objetivo da magia astral do Renascimento, e disso temos um exemplo — com claras implicações estéticas — nas práticas talismânicas de Marsilio Ficino.
Yates (1964) supõe que tais práticas tenham sido sugeridas a Ficino por um texto mágico (…) -
Calasso (NCH) – Odisseu (1)
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA longa cadeia das histórias antes da história, em que a Ilíada e a Odisseia formavam algumas malhas, abria-se com a cópula de Urano e Geia, fechava-se com a morte de Odisseu. O círculo abria-se com a mistura do céu e da terra, encerrava-se com uma briga mesquinha, um incidente mortal, com o jovem Telégono que, em terra estrangeira, sem saber matava o pai, e velho Odisseu, com o aguilhão de uma raça. Após Odisseu, começa a vida sem heróis, quando as histórias não acontecem exemplarmente, mas (…)
-
Calasso (NCH) – Odisseu (2)
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroFaz parte da essência de Odisseu ser o último dos heróis, o que encerra o ciclo. Enquanto conclusão, ele é adjacente à vida que se seguirá, sem nunca mais fechar-se, num ciclo. Seu pé toca a linha limítrofe. Não a Ilíada, massa imensa abandonada na planura, mas a sinuosa Odisseia nos transmite como herança o multiforme romance: “trabalho de um indivíduo, não de um povo”, como Telêmaco define a procura do pai. Porém, último herói a retornar, Odisseu é também aquele que prolonga ao extremo o (…)
-
Calasso (NCH) – Odisseu (3)
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroSó entre os chefes aqueus Odisseu mantém os olhos baixos. Não por medo. Ao abaixar os olhos, Odisseu concentra a mente, isolando-a do resto, como seus companheiros não estão habituados a fazer, urde uma trama, dá forma a uma mechane. E o oposto do homem continuamente oprimido entre forças, entre máquinas, entre as mechanai da natureza e dos deuses. Àquele invisível novelo Odisseu agrega novas mechanai, mas desta vez elaboradas por ele. Agora conhece o segredo, não deve apenas suportar (…)
-
Calasso (NCH) – Odisseu e Palamedes
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroEntre os gregos, Sócrates não foi o primeiro a ser morto porque era um justo. Durante a guerra de Tróia fora precedido por Palamedes, que não era ainda um justo mas um sábio. Os dez anos diante de Tróia foram ocupados só parcialmente pelas lutas na poeira e pelo choque das armas. Para os guerreiros, mais do que o medo foi o tédio a companhia constante. Numa estúpida planície asiática ergueram as barracas e observavam o horizonte. Não havia mulheres e até os amores entre homens podiam cansar. (…)
-
Joseph Campbell – Apresentação das "Mil e Uma Noites"
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroMy hope for the present book, therefore, is that its ancient science of Shehrzad, which has already charmed us, may, when we go past the portion introduced by Galland, so amplify our experience of the world that, seeing ourselves in perspective, some of us shall wish to rejoin the human race. Then, indeed, the reading of the complete Thousand and One Nights will have been our death–as tyrant, and refreshment as man.
The Muslim saying that no one can read the complete Nights without dying (…) -
Joseph Campbell – The Work of the Brothers Grimm
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroFOLKLORISTIC COMMENTARY
FRAU KATHERINA VIEHMANN (1755–1815) was about fifty-five when the young Grimm brothers discovered her. She had married in 1777 a tailor of Niederzwehren, a village near Kassel, and was now a mother and a grandmother. “This woman,” Wilhelm Grimm wrote in the preface to the first edition of the second volume (1815), “… has a strong and pleasant face and a clear, sharp look in her eyes; in her youth she must have been beautiful. She retains fast in mind these old (…) -
Paraíso Ibn Arabi Dante
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroMiguel Asín Palacios — Escatologia Muçulmana na Divina Comédia IDEIAS CARDEAIS SOBRE O PARAÍSO — IBN ARABI E DANTE Extraigamos ahora, de toda esta descripción de la vida gloriosa, tan rica y pormenorizada así en imágenes pintorescas como en ideas filosófico-teológicas, aquellas tesis cardinales que más resaltan en el pensamiento de Ibn Arabi, y veamos, a la vez, cuan análogas son a las ideas e imágenes que inspiran toda la descripción dantesca de la gloria.
1a En primer lugar, la vida (…) -
Paraíso Ibn Arabi Dante II
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroMiguel Asín Palacios — Escatologia Muçulmana na Divina Comédia
IDEIAS CARDEAIS SOBRE O PARAÍSO — IBN ARABI E DANTE (cont.)
7. Pero no se limitan las analogías entre la concepción dantesca y la de Ibn Arabi a la sola teoría general del lumen gloriae; otras más concretas semejanzas convierten el paralelo en identidad. He aquí las principales que nos resta poner de relieve:
2a Los elegidos se ofrecen, en ambas descripciones, en actitud análoga, fija la vista en el foco de la divina luz, (…)