Antes de tentar explicar a forma junguiana específica de interpretação, vou entrar rapidamente na história da ciência dos contos de fada e nas teorias das diferentes escolas e sua literatura. Pelos escritos de Platão sabemos que as mulheres mais velhas contavam às suas crianças histórias simbólicas — “mythoi”. Desde então, os contos de fada estão vinculados à educação de crianças. Na antiguidade, Apuleio, um escritor e filósofo do século 2 d.C., escreveu sua famosa novela O asno de ouro, um (…)
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Mitos e Lendas
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Marie-Louise von Franz – Contos de Fadas
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
Vernant – Do Mito à Razão (I): O Mito Grego
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro(Vernant1990)
No decurso dos últimos cinquenta anos, a confiança do Ocidente neste monopólio da razão foi todavia abalada. A crise da física e da ciência contemporâneas minou os fundamentos — que se julgavam definitivos — da lógica clássica. O contato com as grandes civilizações espiritualmente diferentes da nossa, como a da Índia e a da China, rompeu os quadros do humanismo tradicional. O Ocidente já não pode hoje considerar o seu pensamento como sendo o pensamento, nem saudar na aurora (…) -
Vernant – Mito como modelo da física jônica
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro(Vernant1990)
Nesta segunda versão do mito, reconhece-se a estrutura de pensamento que serve de modelo a toda a física jônia. Cornford dá esquematicamente a seguinte análise: 1.°) no começo, há um estado de indistinção onde nada aparece; 2.°) desta unidade primordial emergem, por segregação, pares de opostos, quente e frio, seco e úmido, que vão diferenciar no espaço quatro províncias: o céu de fogo, o ar frio, a terra seca, o mar úmido; 3.°) os opostos unem-se e interferem, cada um (…) -
Vernant – Do Mito à Razão (III): Filosofia, Política, Moeda e Ser
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro(Vernant1990)
A solidariedade que constatamos entre o nascimento do filósofo e o aparecimento do cidadão não é para nos surpreender. Na verdade, a cidade realiza no plano das formas sociais, esta separação da natureza e da sociedade que pressupõe, no plano das formas mentais, o exercício de um pensamento racional. Com a Cidade, a ordem política destacou-se da organização cósmica; aparece como uma instituição humana que é objeto de uma indagação inquieta, de uma discussão apaixonada. Neste (…) -
Northrop Frye (SS) – Universo mitológico
28 de maio, por Murilo Cardoso de CastroFryeSS
O universo mitológico tem dois aspectos. Em um aspecto, é a parte verbal da própria criação do homem, o que chamo de escritura secular; não há dificuldade quanto a esse aspecto. O outro é, tradicionalmente, uma revelação dada ao homem por Deus ou outros poderes além dele mesmo. Esses dois aspectos nos levam de volta à imaginação e à realidade de Wallace Stevens. A realidade, lembramos, é alteridade, a sensação de algo que não somos nós mesmos. Naturalmente pensamos no outro como a (…) -
Couliano (MDO) – Mitos Dualistas do Ocidente
27 de maio, por Murilo Cardoso de CastroICMDO
Atribuem-se por vezes aos "dualismos do Ocidente" alguns traços comuns: o anticosmismo, ou seja, a convicção de que este mundo é mau; o antissomatismo, a crença de que o corpo é mau; o encratismo, uma forma de ascetismo que chega à rejeição do matrimônio e da procriação. Na maioria dos casos, os dualistas parecem ser docetas, isto é, além das inúmeras diferenças doutrinais, parecem não acreditar na realidade da paixão e morte de Jesus Cristo na cruz. Por fim, alguns dualistas (…) -
Kerenyi (Eleusis) – Deméter
20 de maio, por Murilo Cardoso de CastroKKEleusis
O que surpreende nos mitos de Deméter, quando consideramos a imagem da deusa tranquilamente entronizada em tantos monumentos, é sua busca incansável pela filha. Nessas histórias, a mãe dos grãos se assemelha a mulheres divinas como Io, Europa ou Antíope, com suas andanças lunares. Sua figura passa por metamorfoses que não podem ser totalmente explicadas pelas diferentes épocas e lugares em que as histórias se originaram. A história cretense de Deméter, é verdade, difere da (…) -
Kerenyi (Eleusis) – Deméter
20 de maio, por Murilo Cardoso de CastroKKEleusis
O que surpreende nos mitos de Deméter, quando consideramos a imagem da deusa tranquilamente entronizada em tantos monumentos, é sua busca incansável pela filha. Nessas histórias, a mãe dos grãos se assemelha a mulheres divinas como Io, Europa ou Antíope, com suas andanças lunares. Sua figura passa por metamorfoses que não podem ser totalmente explicadas pelas diferentes épocas e lugares em que as histórias se originaram. A história cretense de Deméter, é verdade, difere da (…) -
Kerenyi (Eleusis) – Duas deusas
20 de maio, por Murilo Cardoso de CastroKKEleusis
[...] Em Elêusis, a divindade dos Mistérios—primeiro seleciono essa forma geral de expressão, indeterminada em número e gênero—era conhecida pelo público como "as duas divindades", uma forma dual que pode significar tanto "os dois deuses" quanto "as duas deusas". Pessoas de grande piedade continuaram a usar essa designação indefinida muito tempo após o período clássico. Todos sabiam que as duas divindades eram deusas. Para o público, a ênfase recaía mais sobre o aspecto dual. (…) -
Kerenyi (Eleusis) – Nenhum drama era apresentado em Elêusis
20 de maio, por Murilo Cardoso de CastroKKEleusis
O verdadeiro segredo, o arrheton de Elêusis, estava ligado à deusa Perséfone—de fato, ela, a arrhetos koura, a "donzela inefável", a única entre todos os seres divinos a receber esse epíteto na tradição, era o próprio segredo. Isso só se torna compreensível à medida que penetramos no núcleo dos Mistérios. O segredo estava cercado por muitos outros pequenos segredos sobre os quais não se podia falar. E todos esses elementos secretos estavam inseridos em uma estrutura de relatos (…)